13/09/2013

HÁ 10 ANOS...

Não tenho aqui-comigo fotos da viagem à Turquia em 2003, mas assim que chegar a Portugal, na próxima semana, vou procurá-las no meu arquivo, fazer uma selecção e partilhá-la aqui.

Vai ser giro revisitar essa primeira descoberta...

De qualquer forma, não há fotos mas há histórias. E lembro-me, entre tantas outras, de uma muito engraçada. E que diz muito da inocência que tinha, nesta primeira descoberta de tantos lugares e coisas novas.

Há dez anos atrás, quando cheguei a Istambul, estava a meio de uma viagem que supostamente ia dar a volta ao mundo. Acabou por não ser bem uma volta ao mundo, mas foi sem dúvida uma volta a mim mesmo. Uma volta, ou várias, à minha maneira de pensar, de ver as coisas, de me relacionar com a paisagem, as pessoas, os estímulos, as coincidências. O destino?

Em Setembro de 2003, quando pisei solo turco pela primeira vez, tinha no meu "currículo de viajante" uma série de inter-rails, várias escapadelas na Europa e duas incursões na Tailândia.

A Ásia era, nesta altura, um imenso mistério. Mas a curiosidade que tinha pela Índia, desde miúdo, e as ainda-frescas-primeiras-vezes na Tailândia, tinham semeado em mim uma espécie de bicho-carpinteiro, uma inquietação que ainda nem sabia explicar muito bem.

Voltando a Istambul: estava nesta fase a viajar com um amigo australiano, o Shaun, que conhecera na Rússia e que tinha vindo ter comigo e com outros portugueses à Croácia. Quando os tugas voltaram para Portugal, eu e o Shaun prosseguimos viagem juntos, atravessando Sérvia, Montenegro e Bulgária - até à Turquia, de onde cada um seguiria o seu caminho.

Uma vez em Istambul, lançámo-nos à descoberta da cidade - e qual não foi a nossa surpresa quando nos deparámos com a ponte de Galata. Metemos na cabeça, vá-se lá saber porquê, que esta era a ponte que fazia a fronteira entre a Europa e a Ásia.

E quem passasse por nós naquele momento, ia ver dois estrangeiros tontos a rir e a tirar fotografias um ao outro, saltitando no meio da ponte, ora na Europa, ora na Ásia, ou com as pernas abertas, um pé em cada continente.

"Welcome to Asia, mister Shaun."

"Welcome to Europe, mister Jorge."

A sério: nós tratávamo-nos por "mister", já não me lembro porquê.

Só uns dias mais tarde, quando apanhámos um nightbus para a Capadócia, é que nos apercebemos que afinal ainda não tínhamos saído da Europa, e que a ponte de Galata atravessa o Corno Dourado, e não o Bósforo.

Acontece aos melhores ;)

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Qur grandes recordações, mister Jorge!