30/09/2015

SÃO REFUGIADOS (parte 5)

Ao quarto dia em Assos acordámos com um céu imaculado, e o mar a fazer de espelho do azul por cima... com condições destas, de certeza que ia estar "animado", o vai-vai de botes rumo à Europa.

Durante o pequeno-almoço vimos dois a sair, mais outro a meio da manhã. E a certa altura, durante a tarde, ouvimos uma sirene que vinha do lado do mar. Apercebemo-nos logo de um bote ne água, não muito longe - e logo de seguida avistámos a lancha da polícia, em alta velocidade, em direcção ao bote. Parou junto aos refugiados, não faço ideia que palavras foram trocadas, provavelmente um "puxão de orelhas" porque assim que o bote começou a voltar para a costa, a lancha partiu para outras paragens - e obviamente que, pouco depois, o bote parou e deu duas voltinhas... avança-recua-avança e vamos mas é embora que para trás não há nada que interesse, e lá foram novamente em direcção à Grécia.

"Já estão fartos disto", diz o senhor do restaurante quando falamos da acção da polícia. "Todos os dias a mesma coisa. Os botes acabam por ir, de qualquer forma. Às vezes vêm aqui para receber algum dos traficantes, de certeza. para facilitar. Outras vezes pegam nos refugiados, furam os botes e trazem as pessoas para terra."

Sirenes outra vez.

Volta a lancha e pára o baile... ou, melhor, pára o bote.



Mais conversa e repete-se o esquema, volta o bote para trás, a lancha desta vez demora-se um pouco mais... mas acaba por ir embora. E, claro está, nem meia hora depois estava o bote novamente lançado para a ilha de Lesbos. Lá vão eles.

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Muito pertinente toda esta série de crónicas sobre os refugiados!