01/10/2015

SÃO REFUGIADOS (parte 7)

Estava quase a acabar, a semana junto ao mar.

Foi uma semana de mixed feelings, como já devem ter reparado pelos últimos posts. A proximidade do drama dos refugiados sírios acrescentou uma profundidade inesperada ao que eram para ser dias de puro descanso junto ao mar.

Interessante, no mínimo. Mas não me vou demorar agora com esse debate.

Foi no dia antes do dia em que nos fomos embora. Ao final da tarde apareceu um bote de refugiados... mas vinha no sentido inverso. Não o tínhamos visto a sair antes, o que não quer dizer que isso não tivesse acontecido. Obviamente não estávamos de plantão a toda a hora, a ver quem saía. Mas a verdade é que apareceu do nada, vindo do mar... para a Turquia.

Vinham a remar, em vez de usar o motor. Estariam sem gasóleo?

Traziam todos coletes salva-vidas cor-de-laranja. Era a primeira vez que avistávamos um grupo destes. Ainda brincámos um pouco com o assunto: estariam perdidos, convencidos que estavam a chegar à Europa? Ou seriam refugiados europeus, a fazer o sentido inverso?

Mas era realmente estranho. Aproximaram-se da costa devagar, ficaram imenso tempo parados junto as umas rochas... e aos poucos foram desembarcando e desaparecendo na floresta. No final ficou apenas uma pessoa, ainda vestida com o colete, pôs-se a remar para a frente e para trás, a determinada altura ainda achei que se ia embora sozinho. Mas não. Acabou por sair também do bote, puxou-o para terra... e desapareceu.

Nem o senhor do restaurante, que normalmente é quem nos ilumina sobre o assunto, conseguiu explicar o sucedido.

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