31/10/2016

UM PAÍS INTEIRO DE LUTO

Depois de umas mini-férias no sul da Birmânia com o meu irmão Vasco, estamos agora em Kanchanaburi, na Tailândia - esta semana voo para Hanói, onde arranca mais uma edição da Indochina.

Gostava de ter ficado mais uns dias... mas o meu visto acabou. E, de qualquer forma, estava muito curioso de testemunhar este momento tão especial que se está a viver na Tailândia. Faleceu há duas semanas sua Majestade, o Rei Bhumibol Adulyadej.

Rama IX era o monarca com o mais longo reinado da História: setenta anos, para ser mais exacto. Subiu ao trono com apenas dezoito anos e foi um rei muito amado pelo seu povo, muito "por culpa" da sua personalidade tão amável, dedicada e altruísta. A maior parte dos tailandeses nunca conheceu outro rei, e Bhumibol era visto como um "pai" ou "avô" de todos os tailandeses. Não é de estranhar, portanto, que o país esteja em luto.

O último dia treze de Outubro será lembrado, por muitos, como um dia de tristeza imensa... e alguma incerteza. Mas não vamos entrar agora em futurologia. Neste momento interessa partilhar o presente - e alguns "cuidados" que os turistas devem observar, caso visitem a Tailândia nas próximas semanas.

A Autoridade de Turismo da Tailândia, por exemplo, pediu a todos os turistas para manterem os seus planos de viagem, informando que a maior parte das atracções turísticas e monumentos estão abertos ao público - excepto o Wat Phra Kaew (o Templo do Buda de Esmeralda) e o Palácio Real, onde estão a decorrer as cerimónias fúnebres reais, ao longo dos trinta dias de luto decretado. Aliás: toda a zona envolvente vai ter o trânsito condicionado, ruas cortadas e segurança muito "apertada".

Posso também confirmar que, não só a maior parte dos lugares turísticos estão abertos, como muitos têm agora entrada livre, em homenagem ao falecido rei. Hoje, por exemplo, visitei umas ruínas Khmer a 60km de Kanchanaburi e não paguei bilhete. Também ouvi dizer que em Ayutthaya todos os monumentos são de entrada livre, nos próximos dias. E concerteza haverá muito mais atracções e monumentos nas mesmas condições.

Quanto a festas: a Full Moon Party de Outubro foi cancelada - e ainda não se sabe se a de Novembro se vai realizar. Mas a maior parte dos eventos tradicionais e festivais vão ser celebrados como habitualmente. A palavra de ordem é "tone down", ou seja, moderação. Alguns bares e discotecas estão encerrados até ao final do luto, outros fecham mais cedo, ou baixam o volume da música.

No entanto, aquilo que salta logo à vista é o luto propriamente dito. Durante este período, a maior parte dos tailandeses está vestido de preto. Foi a primeira coisa que reparei ontem, quando atravessei a fronteira. Vi algumas pessoas de branco e cinzento, também - mas a maior parte está de preto. É muito raro ver alguém vestido com cores mais "vivas". E quanto aos turistas: não é obrigatório cumprir este procedimento, mas as autoridades solicitam a todos que optem por um vestuário discreto e respeitoso, quando estiverem em público.

E não estivéssemos na Tailândia: todas as lojas e mercados têm agora à venda roupa preta e de outras cores sóbrias. Ontem passei no Night Market de Ranchanaburi e o panorama era este:








25/10/2016

ESTA NOVA MANIA DE CORRER EM VIAGEM

"Mingalabar!", digo alegremente a dois pescadores de cócoras no passeio, concentrados a reparar redes; eles levantam os olhos e as expressões iniciais de surpresa transformam-se imediatamente em rasgados sorrisos manchados por anos a mascar noz de bétel.

"Mingalabar!", respondem-me em coro, e sem abrandar eu continuo a minha corrida.

Esta nova mania.

Correr em viagem: não só é saudável, como tem-se revelado uma forma muito interessante de conhecer e interagir melhor com os lugares por onde passo, nas minhas voltas. E como gosto de correr logo de manhã, bem cedo, descubro normalmente ritmos e dinâmicas muito próprias.

Foi em Lisboa, neste Verão que se prolongou até há pouco tempo, que comecei a correr mais "a sério". Há anos que não corria. Mas desta vez: com amigos de sempre, ténis novos e uma vontade enorme de desenferrujar, primeiro umas distâncias pequeninas a um ritmo envergonhado, depois ganhando aos poucos resistência e disciplina.

Não sou o Carlos Lopes e muito menos um Usain Bolt, não tenho ambições olímpicas nem sonho cortar metas com os braços levantados e os sovacos bem peludos. Mas a verdade é que lá vou batendo recordes (os meus recordes) e sinto-me um verdadeiro campeão - especialmente desde que decidi correr enquanto viajo.

E que descoberta!, esta Birmânia das seis e meia, sete da manhã. A Birmânia dos casais modernos equipados a rigor, a caminhar em passo acelerado; dos homens a fazer exercício de longyi; dos grupos de cinquentonas a fazer tai chi, yoga do riso, aeróbica; a Birmânia dos monges a fazer ginástica nas máquinas e a pedir-me dicas sobre a melhor app para fazer desporto; das pessoas que interrompem o jogging para rezar em frente a uma stupa, dos taxis que me buzinam na rua, a perguntar se quero boleia; das crianças todas fardadas a ir para a escola, dos monges em fila a pedir as "almas".

Do meu hotel em Yangon até ao People's Park são dois quilómetros, é tanta a humidade que chego lá já a pingar, dou umas voltas, sorrio com o privilégio de correr com vista para o Shwedagon Pagoda, depois volto para o hotel, são uns 8km de cada vez.

Em Mandalay faço o "Quadrado", como lhe chamo, que basicamente implica dar a volta à antiga Cidadela, pela estrada em redor do enorme canal. São ao todo 9km e costumo chegar ao hotel a cair para o lado e completamente ensopado.

Já em Bagan e Nyaung Shwe, as voltas são mais rurais - a maior parte por caminhos de terra batida. E se no primeiro caso estou rodeado de templos e ruínas milenares, no segundo atravesso aldeias. Em ambos os casos, os sorrisos de sempre e os mingalabars do costume.

E em Mawlamyine, que é onde me encontro agora, corri na estrada ao longo do rio, cruzando-me com vários tipos de madrugadores: os pescadores nas suas árduas rotinas, os desportistas a ir-e-vir como eu, os monges em silenciosas filas, os empregados a abrir lojas e restaurantes.

Enfim: este renovado entusiasmo com as corridas é tanto que mal posso esperar pela Indochina. Já me imagino a correr à volta do lago Hoan Kiem, em Hanói, acompanhado de milhares de pessoas; ou a fazer a península de Luang Prabang, com vista para o rio Mekong e rodeado de mosteiros e monges e aquele ambiente mágico de que tantas saudades tenho.

Saudável mania esta, hem?


23/10/2016

EMOÇÕES FORTES NO COMBOIO PARA MAWLAMYINE (2)

"No available seats. You take ordinary class."

Resignados, dirigimo-nos à pequena multidão que se empurrava em frente da bilheteira da ordinary class. A minha sugestão, o Vasco ficou a observar a um canto, a guardar as mochilas - e eu atirei-me de corpo e alma ao caótico bocadinho de universo à nossa frente.

Custava alguma coisa fazer fila? Vá-se lá entender a lógica.

Faz-te à vida, diz-me a vozinha imaginária que às vezes viaja comigo.

Faço pois. Que remédio. Até porque, se fizéssemos muita questão de viajar em upper class, podíamos sempre adiar a viagem para amanhã, tratar da reserva agora e ficar mais um dia em Yangon. Mas já aqui estávamos com as mochilas. E de autocarro não apetecia nada.

Que calor.

Seis e meia e tenho a t-shirt ensopada, a testa a pingar, a paciência no limite. E um plano.

Eu tenho um plano.

Enquanto eu insistia e tentava a minha sorte com o senhor da bilheteira da upper class, reparei que no livro onde estão registadas as reservas havia alguns lugares assinalados com a palavra "Bago". Em inglês, felizmente, porque se fosse em birmanês não teria percebido nada. Ainda perguntei se podia comprar-lhe bilhetes de Bago para Mawlamyine, mas o homem confirmou aquilo que eu já sabia: os bilhetes de comboio no Myanmar compram-se somente na respectiva estação de partida. E o horário indicava uma paragem dois minutos em Bago. Ou seja: era virtualmente impossível sair a correr com as mochilas, verificar disponibilidade na upper class, comprar os bilhetes (o processo demora sempre imenso tempo, com o registo do passaporte no livro de reservas, cópias disto-e-daquilo... e tudo à mão) e ainda voltar a tempo de embarcar na nova carruagem.

Mas eu tenho um plano.

Que calor!

Ao fim de dez minutos lá consegui comprar os bilhetes para a ordinary class. Dirigimo-nos até ao comboio e sentámo-nos nos lugares indicados nos bilhetes. Enquanto não arrancávamos fui comprar algumas provisões para a viagem. E assim que o comboio deixou Yangon, telefonei a uma rapariga chamada Thu Zar.

A Thu Zar é a dona do San Francisco Motel, a guesthouse onde fiquei com os dois últimos grupos em Bago. Uma trintona cheia de entusiasmo, com um coração que não cabe neste mundo e um sorriso que devia ser Património da Humanidade.

"I need your help, Thu Zar. Preciso que vás à estação de comboios perguntar se há lugares vagos na upper class, no comboio para Mawlamyine que saiu agora de Yangon. E, se houver: preciso que me compres dois."

Meia hora depois estava a ligar-me de volta a dizer que sim - havia lugares.

"Diz-me os números dos vossos passaportes, e diz-me também em que carruagem estás agora."



Uma hora depois, vínhamos à conversa e nem demos pelo comboio abrandar. Quando olhei pela janela estávamos a chegar a Bago.

"Depressa! Temos de sair aqui!"

Dezenas de passageiros tinham começado a entrar no comboio, quando finalmente conseguimos pegar nas mochilas. Tivemos de furar, aos gritos de "deixa passar!", não sei como conseguimos mas aos poucos aproximámo-nos da porta. Lá fora estava a Thu Zar, que é mulher de porte forte e conseguiu estancar o fluxo de pessoas que queriam entrar na carruagem.

"Empurra! Empurra!", gritei ao meu irmão.

Empurrámos. E assim que pisámos o solo foi um vê-se-te-avias na plataforma, a correr atrás da Thu Zar, na minha cabeça um countdown imaginário, começou em dois minutos mas agora aproxima-se vertiginosamente do zero, o comboio vai arrancar e nós vamos ficar em terra, nós vamos ficar em terra, nós vamos ficar em terra... e quando finalmente parámos, cinco carruagens depois, então tive a certeza que tudo ia acabar bem. A Thu Zar deu-me os bilhetes e eu passei-lhe para as mãos o dinheiro, o comboio apitou e no meio de obrigados e thank yous e djisu temares, subimos para a nossa nova carruagem e finalmente respirámos.

Bancos que pareciam poltronas!

Pendurei-me na janela e segurei nas mãos da Thu Zar, muuuuito obrigado, foste a nossa salvação, não há palavras, e ela a sorrir aquele sorriso que acaba com guerras, e de repente aparece a irmã dela a correr na plataforma, veio-se despedir, penso eu, aceno e o comboio dá um solavanco, e ela estica os braços na minha direcção, tem um saco de plástico cheio de qualquer-coisa:

"Take this! It's for you!"

E eu seguro no saco, pela janela, no momento em que o comboio começa a andar - e assim que seguro nele percebo que tem bebidas e muita comida, um picnic completo de sanduiches e sumos e fruta, estas mulheres não existem, este país não existe, fico com um nó na garganta e não encontro palavras, já foi tudo dito e ao mesmo tempo falta dizer tanto.

"Djisu bá, djisu bá, obrigado."

Elas ficam mais pequenas à medida que o comboio avança pelos carris, acabo por me sentar e vejo o meu irmão a sorrir, com o saco de plástico na mão.

"Isto é para nós?!"

É a primeira vez do Vasco na Birmânia. A primeira vez na Ásia. Eu nem consigo imaginar o turbilhão de emoções e sensações e sentimentos e constrastes que ele deve estar a sentir neste momento.


O comboio avança, dançando nos carris. São nove e um quarto, esperam-nos mais oito horas de viagem - mas o dia está ganho.

22/10/2016

EMOÇÕES FORTES NO COMBOIO PARA MAWLAMYINE (1)

"Empurra! Empurra!", grito ao meu irmão Vasco enquanto tento furar entre os passageiros que sobem para o comboio, carregados de sacos enormes, malas, caixotes e cestos cheios de sei-lá-o-quê.

"Só temos dois minutos", penso entretanto para os meus botões, ou digo para o ar, ou será que também gritei isto?, é tanta a confusão que já não sei muito bem aquilo que exteriorizo e o que guardo para mim.

Olho para trás e o meu irmão está a rir-se, entalado no meio do caos. Olho para a frente e desespero, não vamos conseguir, não vamos conseguir, como é que vamos sair daqui... nós temos que conseguir!

Mas calma: recuemos um bocadinho no Tempo e no Espaço, para perceber melhor o que se está a passar.

Depois de me despedir do grupo "Os Excursionistas", com quem viajei duas semanas pela Birmânia, enfiei-me num autocarro nocturno que mais parecia uma nave espacial, em Mandalay... tomei um comprimido mágico assim que as luzes se apagaram... e quando acordei estava o sol a nascer e tinha sido teletransportado para a estação de autocarros de Yangon.


Táxi para o centro, mochila às costas e ziguezagues entre gente e trânsito, subi umas escadas de um filme de terror e registei-me num hostel com ar condicionado, onde passei o resto da manhã a recuperar sono e energias, pois ao final da tarde chegava ao Myanmar o meu irmão Vasco - vamos viajar juntos nas próximas duas semanas.

Jantámos com amigos na Rua 19, passámos o dia seguinte a caminhar pela cidade - e ao final da tarde, antes de sairmos para visitar o espectacular Shwedagon Pagoda, fomos à estação dos comboios comprar bilhetes para Mawlamyine, para onde pretendíamos viajar no dia seguinte.

"Aqui só vendemos bilhetes para o próprio dia, têm de voltar amanhã de manhã."

Isso já eu sabia, mas estava a ver se passava.

"E ali do outro lado, nas outras bilheteiras... aí posso reservar, certo?"

"Sim, aí fazem-se as reservas. Mas já fechou... fecha às três."

Okay: isso é que eu não sabia.

Ou seja: sem reserva feita, teríamos de arriscar e voltar na manhã seguinte, uma hora antes do comboio partir, e tentar a nossa sorte. E das duas uma: ou havia bilhetes em upper class e lá-vamos-nós confortáveis até ao nosso destino; ou, caso a upper class estivesse esgotada, teríamos de viajar em bancos de madeira durante as dez horas que demora a percorrer a distância entre Yangon e Mawlamyine. Sim: dez! E numa linha que não é propriamente conhecida por ser suave e confortável.

Fomos para o Shwedagon Pagoda, portanto. Rezar para que houvesse bilhetes no dia seguinte.

Às seis da manhã estávamos a sair do hostel e quinze minutos depois chegámos à estação de comboios de Yangon. Mingalabar, caro senhor da bilheteira, queremos ir para Mawlamyine no comboio das sete e um quarto, por gentileza pode vender-nos dois bilhetes em upper class?

"Sorry. It's full."

Não.

Isto não pode estar a acontecer.

Eu sabia que devia ter pensado nisto com tempo. Devia ter sido mais organizado. Quando estou com os grupos da Nomad planeio estas coisas com antecedência e especial cuidado. E agora que somos dois... a sério, não quero sequer imaginar o que serão dez horas a viajar naqueles bancos.

"Full?! Are you sure?"

Que pergunta tão cheia de desespero.

"Podemos viajar em carruagens diferentes, não há problema. Only two tickets, sir."

"No available seats. You take ordinary class."

Olhei para onde o senhor apontou com a cabeça, vi ao fundo uma bilheteira - atrás de dezenas de pessoas a empurrar para conseguir o próximo bilhete. Senti um grosso pingo de suor a escorrer pelas costas abaixo. O meu irmão a rir-se, é a primeira vez na Ásia, estava a adorar. Mas eu nem queria acreditar que ia ter de lutar por um lugar num banco de madeira.

(imagem roubada na net)

Estou feito.

To be continued... ;)

19/10/2016

THE WIVES OF MANDALAY

A propósito de nomes de grupos:

Há pouco mais de um mês, estava eu a viajar na Birmânia com um grupo que era composto exclusivamente de mulheres. Nove, para ser mais exacto. Era a primeira vez que tal me acontecia - apesar de, em regra, haver mais mulheres que homens nos grupos que acompanho com a Nomad.

Mas nove!

Enfim: já não me lembro a propósito de quê, mas quando estávamos em Mandalay desafiei-as a virem comigo a um karaoke local. Combinei com uns amigos birmaneses e à hora combinada lá fomos, eu e oito das nove senhoras - e quando chegámos ao local os meus amigos ainda não tinham chegado, por isso tratei eu de reservar um quarto.

(Ao contrário do karaoke ocidental, que normalmente é feito em bares e restaurantes, o asiático requer alguma privacidade, por isso alugam-se quartos especialmente preparados para o efeito, onde se pode cantar à vontade com os amigos, beber umas cervejas e até jantar.)

Quando voltei da "recepção", as meninas do grupo tinham-se sentado num longo sofá, na sala de espera, e ao aproximar-me delas expliquei-lhes que tínhamos de esperar dez a quinze minutos, que os meus amigos haviam de chegar entretanto, isto-e-aquilo...

...e numas cadeiras mesmo ao nosso lado estava um grupo de meia dúzia de rapazes com dezoito-dezanove anos, fascinados por verem este homem a falar com oito mulheres - e elas muito atentas a ouvir. Curiosos, não paravam de olhar e comentar entre eles. Até que eu me virei na sua direcção e, piscando o olho, fiz um movimento com a mão que abrangiu as oito mulheres e disse, com o ar mais natural possível:

"My wives."

Os miúdos desataram-se a rir e lançar urras e vivas, e então acrescentei:

"One for each day of the week."

Espera lá: deixa-me explicar uma coisa, antes de prosseguir. Na cultura birmanesa, acredita-se que a semana é composta por oito dias: segunda, terça, quarta de manhã, quarta à tarde, quinta, sexta, sábado e domingo. Daí a piadinha com os dias da semana.

Continuando:

"One for each day of the week", e apontando para uma das senhoras disse "monday", depois para outra e disse "tuesday", na próxima "wednesday morning" e por aí fora. Os gajos entraram em extâse, a bater palmas e aos gritos, a rir e a rebolar no chão.

Eu continuei a falar com as minhas "wives", como se não fosse nada, e eis que de repente um dos miúdos vem ter comigo e abraça-me como se eu fosse o herói da vida dele. E depois perguntou-se se podia tirar uma selfie comigo.

Só rir.

Claro que o grupo ganhou, nesse exacto momento, um nome. Durante o resto da viagem e nas histórias que havemos de contar um dia quando formos velhinhos, este grupo passou a chamar-se "The Wives of Mandalay".

E porque não tenho fotos que ilustrem o momento em si, partilho hoje uma pequena selecção de retratos de família tirados ao longo da emocionante viagem que fizemos, em Setembro, na Birmânia:




18/10/2016

MAIS UM "BEST OF" DA BIRMÂNIA

Há um ano que não viajo com máquina fotográfica - a minha "deu o berro" e ainda não tive coragem para investir dinheiro e tempo numa nova. Ou seja: quando quero registar algum insólito, um momento especial, um sorriso, um bocadinho do mundo... uso o telefone.

Só que a Birmânia está-se nas tintas para este meu infortúnio. Insiste em surpreender-me, por vezes com requintes de malvadez, com imagens e cores e momentos que me fazem chorar desconsoladamente pelo facto de não ter uma máquina comigo. "Tivesses!", é o que parece dizer-me o país.

Enfim: chega de lamechices. Verdade-seja-dita, mas não me envergonho nada daquilo que tenho conseguido com o meu iphone - e um bocadinho de photoshop. E a selecção de fotos que se segue, todas feitas durante a volta pela Birmânia com "Os Excursionistas", é a prova disso.

Boa viagem!